Epicondilite Lateral do Cotovelo

O que é?

O termo “cotovelo do tenista”, foi relatado em 1873 e utilizado durante anos para definir uma série de alterações que comprometiam o cotovelo. Nos dias de hoje está claro ser afecção degenerativa que compromete os tendões extensores que se originam no epicôndilo lateral. Embora os termos epicondilite e tendinite sejam utilizados para descrever o “cotovelo do tenista”, estudos histopatológicos, caracterizam esta afecção não como uma condição inflamatória e sim uma tendinose.A epicondilite lateral do cotovelo é uma causa comum de dor, sendo mais freqüente em não atletas, porém compromete em intensidade variável 50% dos tenistas acima de 30 anos; ocorre em outros esportes e está também relacionada a atividades laborativas variadas.

Qual tendão está acometido?

A epicondilite lateral ocorre inicialmente por microlesões na origem da musculatura extensora do antebraço sendo mais freqüente o acometimento do tendão extensor radial curto do carpo (ERCC), que se localiza abaixo do extensor radial longo do carpo (ERLC).

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico é feito, essencialmente, através da história e do exame físico do paciente. A queixa principal é a dor na região do epicôndilo lateral estendendo-se ao dorso do antebraço. Secundariamente, há incapacidade para a prática de esporte e das atividades laborativas da vida diária. Dor localizada no epicôndilo lateral e na origem da musculatura extensora do punho é sugestiva de epicondilite lateral. O teste clínico específico para a epicondilite lateral tem o objetivo à reprodução da dor experimentada pelo paciente. O teste conhecido como de Cozen é realizado com o cotovelo em 90º de flexão e com o antebraço em pronação. Pede-se ao paciente que realize a extensão ativa do punho contra a resistência que será imposta pelo examinador. O teste será positivo quando o paciente referir dor no epicôndilo lateral, origem da musculatura extensora do punho e dedos.

Qual exame solicitar para ajudar no diagnóstico?

A avaliação radiográfica é na maioria das vezes normal, mas é essencialmente útil para a exclusão de outras anormalidades tais com a artrose, osteocondrite dissecante e corpos livres intraarticulares. A presença de calcificações na topografia do epicôndilo lateral não são freqüentes, ocorrendo em aproximadamente 22% dos casos, sugerindo, segundo alguns autores, um processo refratário ao tratamento incruento. A ultra-sonografia do cotovelo é um exame auxiliar simples para avaliação das partes moles, que podem apresentar alterações no caso da epicondilite. Entretanto seu valor é discutível por ser examinador dependente.
A ressonância magnética é um exame cada vez mais utilizado nos casos refratários ao tratamento incruento da epicondilite, pois auxilia na exclusão de outras patologias e também pode influenciar na técnica cirúrgica a ser empregada para o tratamento desta tendinose.

Qual o diagnóstico diferencial?

Existem afecções que podem ocorrer independentemente ou associadas a tendinose do cotovelo. Entre elas podemos destacar a síndrome do túnel do carpo, síndrome do túnel radial, lesão do manguito rotador e a cervicobraquialgia.

Qual o tratamento?

O paciente apresentando “cotovelo do tenista” queixa-se essencialmente de dor, portanto o controle da dor será o objetivo principal do tratamento realizado inicialmente através do repouso relativo que pode ser definido não como a abstenção da atividade, mas sim, como controle do excesso. Em relação à prática esportiva, a técnica correta irá permitir uma melhor performance e a prevenção de lesões assim como a atenção com atividades laborativas associadas a epicondilite, como carpintaria e outras profissões que utilizam a mão com freqüência, como digitadores.
O uso de antiinflamatórios não hormonais, crioterapia, ultra-som e laser são adjuvantes para obtermos analgesia. Sendo a epicondilite um processo degenerativo os benefícios do uso dos AINH ocorreriam por seu efeito analgésico e pela sinovite que existe na fase inicial do processo.
A infiltração com corticóide pode ser indicada nos casos em que, apesar do tratamento fisioterápico instituído, não há melhora da dor impossibilitando, desta forma, que o paciente inicie os exercícios de reabilitação. A realização de mais de duas infiltrações pode ser danosa devido aos efeitos adversos relacionados às infiltrações peritendíneas com corticóide como necrose, atrofia tecidual e conseqüente ruptura tendínea. Para evitar estas complicações a infiltração não deve ser intratendinosa nem muito superficial.
Uma vez que se tenha conseguido o controle da dor o paciente iniciará o alongamento e o ganho da amplitude articular do punho e cotovelo, seguido de exercícios isométricos e isocinéticos.

Tratamento cirúrgico

Os pacientes que se submeteram à reabilitação correta por um período não menor que nove meses sem que a dor fosse controlada, serão candidatos a cirurgia. Outros parâmetros considerados como indicativos de tratamento cirúrgico são: três ou mais infiltrações, calcificação lateral ao epicôndilo, incapacidade de mudar seu nível de atividade e quando o processo é um fator de limitação das atividades da vida diária. O procedimento cirúrgico consiste na identificação e ressecção da área de tendinose.